Palco das mais diversas canalhices, a política brasileira remete-nos ao absurdo inexorável. Hoje nem mesmo a série de denúncias publicadas parece aplacar a roubalheira indiscriminada. São ranários, sanguessugas, mensaleiros. Rouba-se tudo. Somos regidos pela batuta da psicologia do esquema, da vantagem ilícita como meio para atingir determinado fim (1).
Atualmente, honestidade confunde-se com palermice, reputação ilibada, com moral deturpada. Chegamos ao ridículo de compor “pérolas” do tipo “rouba, mas faz viaduto” (2), vindas diretamente da popular sapiência. Cada vez que dólares são encontrados nas cuecas parlamentares, aumenta mais o clima de descrença na política nacional.
A imprensa, quando se refere ao Congresso Nacional, associa-o, pejorativamente, ao termo “Balcão de Negócios” (3). São inúmeros os lobistas prontos a oferecer aos nossos políticos as mais diversas vantagens. Prostitutas de luxo, carros importados, viagens para congressos fictícios, vale tudo (4). Nossa mentalidade política ainda é bastante retrógrada (5).
As perspectivas são sombrias, pois agora que terminou a farra de capitais e a crise financeira atingiu em cheio a economia globa (6)l, os bilhões que desapareceram no ralo da corrupção farão muita falta (7). Os poucos que se atrevem a denunciar essa dura realidade são geralmente expoentes da arte e das letras, todavia, sua voz perde-se amiúde no vácuo da ignorância.
Um famoso grupo de R.A.P. (sigla do inglês que significa Ritmo e Poesia), que se autodenomina “Racionais”, escreveu em uma de suas composições, cujo nome é “Mágico de Oz”, o seguinte: “A polícia, o governo no Brasil quem não rouba? Ele (um menino negro e pobre da periferia paulista, personagem central da música) só não tem diploma para roubar”(8). Este, parece-me, é o triste retrato de um povo sem consciência política e social.
Notas do autor.
1. No caso, o lulismo.
2. Referência à Maluf.
3. O filho do Lula que o diga.
4. Tudo mesmo! Até tocar fogo em bandido e mandar sua equipe de reportagem filmar!
5. Quando reli, teria trocado o termo por colonial.
6. Esta redação foi escrita em 2009, vide hoje a situação Grécia e Portugal, simplesmente falidos.
7. Uma pequena fatia do bolo (Tião pagando a conta da filhinha com nosso dinheiro)
8. (sobre o desvio de dinheiro nas contas da ufac)
#Fz!