E quando tua beleza inexorável
toma de assalto meus sentidos. E teus olhos soluçam súplices à espera de minha
boca em teu seio. E tua mão faceira adentra no ereto desejo que negas provocar.
E a silhueta do teu corpo toma formas de prazer. Fico mesmerizado ante a promessa da beleza de
te conhecer à grega. Aí me apertas como
se o tempo fosse, pressionando em minha veleidade os ponteiros de suas pernas.
O rijo seio em minha língua denotando a plenitude vindoura. O odor brotando dos
poros da pele cor de jambo que jâmbica caçoa de mim. Sinceras mentiras
mutilando meu inexpugnável intelecto. Suave sobejo da tua boca na minha
envenenando minha razão e eu, tolo, sorvendo cada pedaço da prisão que és. Mas
desejo que me esqueças, lança longe de ti cada lembrança minha. Cada palavra
proferida nesta ode a fruição que agora sinto. De guardar cada fonema embebido
nas nuanças da tua inocência perversa. De saber de soslaio o que pensas; o que
sentes. De prever teus diletantes discursos. E me odeie muito por eu saber quem
és; e dizê-lo amiúde. E me despreze bastante por querê-la ainda com toda força
que há em mim. Porque perfeitamente te sinto imperfeita; essa estranha aura que
te rodeia, prestidigitadora. E não me toque nunca mais, faz-me estátua em
exposição na tua memória. Não me importo! fui eu quem verdadeiramente compreendeu
o paradoxo que encerras, onde canta o Ermitão à sua mais cara ilusão, bem ali,
no teu ser, abracadabra.